Empreender na adversidade. Por que não?

 

Vivemos em um país no qual 3 a cada 10 brasileiros empreende. Ou seja, 34% da população economicamente ativa investe no seu próprio negócio e contribui com 27% do nosso PIB - maior índice entre os BRICs.

Há cerca de 10 anos, quando eu atuava na área dedicada a pequenas e médias empresas, mais de 50% das startups brasileiras começavam a existir primariamente por necessidade. Agora a realidade é outra, cerca de 60% dos empreendedores locais são motivados pela vocação por empreender.

E embora sejam inúmeros os desafios de empreender no Brasil, o cenário político-econômico atual não pode representar mais uma ameaça. Conheço muitos empresários que prosperaram em tempos de recessão. Porque crise também é uma oportunidade e é preciso aprender a sobreviver em um ambiente adverso.

Não se trata de otimismo, mas sim de confiança na crença de que é possível trabalhar para transformar o pior cenário em algo melhor. Segundo a Endeavor, referência no setor no país, 62% dos universitários brasileiros querem abrir seu próprio negócio.

O ponto é que essa vontade empreendedora somada à criatividade do brasileiro são motores potentes para o mercado local, mas sabemos que são insuficientes para impulsioná-lo ou sustentá-lo.

No meu ponto de vista, hoje umas das principais adversidades para o empreendedor é o acesso. E quando falo em acesso, me refiro a 3 pontos principais: o acesso a financiamento para que uma ideia se torne um projeto de fato; o acesso a capacitação, pois tudo começa com educação - de acordo com o Sebrae, essa é a principal razão para as empresas morrerem; e por último, tão importante quanto aos demais, o acesso a tecnologia.

Se os projetos das empresas não estiverem calcados nesses pilares, dificilmente irão serão bem sucedidos e impactarão positivamente o Brasil.

Se faz necessário apoiar todo o ciclo de inovação, que começa com uma grande ideia até se tornar uma empresa com tração para se internacionalizar. Eu tenho visto no mercado muitas iniciativas que podem contribuir com o nosso país e servir de inspiração. E não falo apenas de startups com crescimento fantástico  que nasceram no Brasil e já estão ganhando o mundo, como a Easy Taxi, por exemplo.

Falo também de exemplos como a E-Fit Fashion. A startup está nascendo das mãos de estudantes de Moda e Computação da Universidade de São Paulo que souberam identificar uma oportunidade de mercado e criaram uma plataforma online para venda de roupas personalizadas. Para isso, contaram com subsídio tecnológico, inscreveram a ideia inovadora na Imagine Cup, uma das maiores competições de tecnologia do mundo, e conquistaram o 1º lugar em Inovação no torneio. Esses jovens disputaram com cerca de 200 estudantes de 80 países. Com o prêmio de 50 mil dólares que ganharam, mais a mentoria do CEO da Microsoft, Satya Nadella, e a oportunidade de participar do programa mundial de aceleração de startups em Seattle, o Acelera Partners, eles estão formalizando a sua empresa.

Eu vejo que esse é o caminho a seguir. Mais do que acreditar no potencial do projeto, eles buscaram alternativas para viabilizá-lo. Validaram a iniciativa em uma disputa mundial com o endosso de profissionais reconhecidos internacionalmente, trocaram conhecimento com empreendedores de todo o mundo, testaram a receptividade do mercado e receberam apoio de grandes empresas que vão contribuir para o seu crescimento. É o começo de uma jornada que tem tudo para ser bem-sucedida.

Ter os aliados certos na hora de empreender também faz a diferença, especialmente para empresas que se preparam para rodadas de investimento junto a fundos de capital de risco, no desenvolvimento de planos de aumento da carteira de clientes e que buscam expandir seu alcance para além das fronteiras nacionais.

É o caso de empresas como a Device Labs, que criou uma solução para testes de aplicativos móveis e sites mobile chamada Blink, e a desenvolvedora argentina Widow Games, que está de olho no mercado brasileiro para levar os jogos de tabuleiros conhecidos para plataformas digitais. As duas já têm relevância local e operação autossustentável, e escolheram participar do programa de pós-aceleração da Acelera Partners para crescerem ainda mais.

Aliás, todas elas sabem que a adoção das tecnologias adequadas, especialmente na nuvem, são cruciais, já que vivemos em um mercado “mobile-first e cloud-first”, cuja estimativa do setor de Telecomunicações é de que até 2020 haverá 100 bilhões de dispositivos conectados, o que irá exigir servidores capazes de suportar 7 bilhões de usuários de diferentes devices, desde celulares até a “internet das coisas”.

Hoje, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABS) existem 10 mil startups ativas no país, e a cidade de São Paulo nos coloca em 12º posiçaõ em relação às cidades mais empreendedoras do mundo. Temos um grande potencial empreendedor e de inovação no país. Quanto mais pessoas empreendendo no rumo certo, mais inovação o Brasil vai gerar e maior será o potencial de mudarmos a nossa posição no ranking mundial de empreendedorismo.

Esse é o caminho para criarmos nosso futuro,  contribuindo com inovação e geração de valor no Brasil.

 

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